Opinião / O que é o fascismo e por que ele representa uma ameaça permanente à democracia

Por Carlos Bernardo (*)
 
O fascismo não é apenas um capítulo sombrio da história do século XX. Ele é uma ideologia que volta a emergir sempre que a democracia enfraquece, as instituições são atacadas e líderes autoritários encontram terreno fértil no medo, no ódio e na desinformação. Compreender o fascismo é essencial para impedir que ele volte a ganhar força no Brasil e no mundo.
O fascismo é, acima de tudo, uma doutrina de poder absoluto, que rejeita completamente os princípios democráticos. Em regimes fascistas, não há espaço para divergência, imprensa livre, debate público ou pluralidade política. O poder é concentrado nas mãos de um líder visto como “salvador da pátria”, supostamente infalível e acima da lei. Qualquer crítica torna-se crime moral ou político.
Outro pilar fundamental é a utilização sistemática da violência e da intimidação como instrumentos de governo. O fascismo substitui o diálogo pela força, transforma adversários em inimigos internos e tenta eliminá-los — física, moral ou institucionalmente. Essa lógica violenta é acompanhada por intensa propaganda e pela fabricação organizada de mentiras, que servem tanto para manipular a opinião pública quanto para justificar abusos.
O fascismo também se apoia em um nacionalismo extremista, excludente, que rejeita a diversidade e transforma minorias étnicas, religiosas, culturais e sociais em alvos permanentes de hostilidade. Racismo, xenofobia, misoginia e intolerância não são desvios; são componentes deliberados dessa ideologia, utilizados para dividir a sociedade e consolidar o poder autoritário.

Historicamente, regimes fascistas firmaram alianças profundas com setores privilegiados da economia. Apesar da retórica de “defesa do povo”, o fascismo serviu para proteger interesses privados, sufocar sindicatos, desmontar direitos trabalhistas e impedir o avanço de grupos socialmente organizados. É uma ideologia que, na prática, defende privilégios e silencia qualquer movimento popular.
Um dos aspectos mais perigosos do fascismo é sua relação direta com a mentira. A desinformação é elevada à condição de política de Estado. Conspirações inventadas, ataques às instituições, distorções históricas e manipulação permanente do medo fazem parte da estratégia para manter o povo desorientado e dependente emocionalmente do líder autoritário.
Reconhecer o fascismo é, portanto, uma tarefa indispensável de qualquer sociedade democrática. O fascismo pode se apresentar de forma explícita ou disfarçada, mas seus pilares são sempre os mesmos: culto ao líder, desprezo pelas instituições, ataque à imprensa, intolerância à diversidade, exaltação da violência e criação constante de inimigos imaginários.
Em um período em que discursos extremistas tentam reconquistar espaço no debate público, é fundamental reafirmar que a democracia é obra coletiva — construída com diálogo, direitos, participação e respeito às diferenças.
Se o fascismo, ao contrário, é a destruição de todos esses valores.
Denunciar e combater o fascismo não é militância partidária.
É defesa da civilização, da liberdade e da própria vida democrática.